quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um caso de Má Administração


A ENGESA - Engenheiros Especializados S/A é uma empresa brasileira focada no setor de defesa.
A primeira sede da empresa estava situada na Av. Liberdade, na cidade de São Paulo. A partir de 1975, a empresa mudou-se para a Av. Nações Unidas e em 1985, para um complexo de 65.000m², sendo destes 26.557m2 de área construída, na cidade de Barueri, porém, a principal fábrica estava situada em São José dos Campos, em um complexo de cerca de 200.000m2 (este terreno foi vendido para a Embraerapós a falência da empresa). O grupo de empresas controladas pela Engesa atuavam em diversos segmentos da economia e exportavam para 37 países, muitos deles árabes.
Os produtos mais conhecidos são os veículos blindados EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, os caminhões táticos militares e blindado leve EE-T4 Ogum e o carro de combate EE-T1 Osório. O "jipe" Engesa, um dos produtos, atendia tanto ao mercado militar quanto civil. O grupo de empresas controladas pela Engesa também fabricavam tratores agrícolas e florestais (Engex)(muitos deles premiados internacionalmente), rodas para carros (FNV), comerciais para TV (Engevídeo), trilhos e vagões (FNV), motores para ônibus elétrico (Engelétrica), caminhões de coleta de lixo (FNV), mísseis, foguetes e giroscópios para diversos usos (Órbita), radares de diversos tipos (Engetrônica), possuiam a única fábrica de munição pesada do Brasil e representavam a Casa da Moeda Brasileira em diversos países, principalmente árabes.
A ENGESA foi controladora das empresas Engex; Engesa Elétrica, conhecida como Engelétrica (ex-Bardella-Borriello Eletromecânica), em Jandira, SP); Engesa Eletrônica, conhecida como Engetrônica (ex-Inbelsa, afiliada da Philips do Brasil, em São Paulo, SP); Fábrica Nacional de Vagões - FNV (em Cruzeiro, SP); Órbita, dentre outras. O centro administrativo estava situado em Tamboré, Barueri, SP, onde também encontrava-se a Engepeq, centro de pesquisa e desenvolvimento do grupo.
A falência da empresa foi decretada em outubro de 1993. Os problemas da empresa começaram com o calote de US$ 200 milhões do Iraquee no fracasso de vendas dos tanques pesados Osório, onde a Engesa investiu todas as suas reservas. A principal instalação industrial da empresa em São José dos Campos foi vendida em 2001 para a Embraer.
Os prejuízos contabilizados após a perda do contrato com o Iraque foram irrecuperáveis. Uma empresa detentora de tecnologia de ponta e mão-de-obra de altíssimo nível, capaz de fazer um trabalho excepcional, como o Osório (no qual investiu tudo), acabaria liquidada. A indústria ainda chegou a receber ajuda financeira do governo, por conta de contratos que tinha com a Força Terrestre. Mas, nessa altura, o volume das suas dívidas era algo gigantesco e só um contrato como o pretendido com a Arábia Saudita a salvaria da falência.
Com o fim da ENGESA, o Exército Brasileiro ficou sem um carro de combate nacional comparável aos melhores existentes lá fora. Havia, inclusive, entendimentos para um acréscimo de 10% no preço final do veículo para que, a cada dez unidades exportadas para os sauditas, uma pudesse ser financiada para o Brasil, hoje um país importador de blindados em segunda mão.
Recentemente, um grupo europeu se encontrou com o governo federal e "ressuscitou" a Engesa. Ainda não há previsão para a volta concreta, mas pode ser que o primeiro projeto seja atualizar o EE-T1 Osório e começar a fabricá-lo em série.

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